Lá estava ela, parada, imóvel, observando o abismo sob seus pés, ela o encarava de uma forma como se ele pudesse lhe dar as respostas que tanto procurava.
Sorria sarcasticamente, muitas vezes, olhando para o céu, como que o culpando por todos os desastres em sua vida, não sentia raiva, tristeza apenas e talvez deixada de lado.
Era chegada a hora, ela aproximou-se da borda do penhasco, abriu os braços deu um leve sorriso e deixou-se cair.
Ali, no meio do nada, enquanto ia de encontro ao chão, passando por uma barreira de ar, para sua última aventura, sentia-se feliz, mais feliz do que estivera em toda a sua vida, e pensando nisso começou a passar-lhe pela mente todos os momentos que a levaram até ali, todos os seus sofrimentos, todas as pessoas que nunca a amaram, todos os seus enganos, todas as suas ilusões, refletiam-se em lagrimas que saiam de seus olhos e eram arrastadas bruscamente pela força do vento.
Parecia que estava voando, e na hora não houve impacto, lá no chão quem a olhasse não veria sangue, não veria sofrimento, não imaginaria se quer que tivesse naquela cena alguma dor, pois naquelas feições havia somente uma garota, linda, pálida, sorridente e morta.